E eis que, pouco a pouco, de show em show, a cidade vai tomando conhecimento de um negro que lidera uma banda punk no subúrbio de Recife. Do guitarrista que, na falta de grana para comprar seu instrumento, resolve fabricar sua própria guitarra. E do baterista que, fã do rock inglês dos anos 1980, achava que estava apenas quebrando o galho assumindo as baquetas do Devotos do Ódio, enquanto, entre um atendimento e outro no seu trampo de agente de saúde, seguia o conselho de seu professor de Conservatório: ir aos sebos comprar discos de jazz para assimilar a lição dos mestres.
O que você escutará neste "Devotos - 20 anos ao vivo" é uma síntese da trajetória da banda, que jamais soube (nem quis saber) separar a música de suas ações sociais, culminando, em 2002, com o lançamento da Ong Alto-Falante, cuja rádio, de mesmo nome, é o principal catalisador entre a população do bairro e a conscientização de cidadania de seus moradores.
O show, realizado no Alto José do Pinho, em 22 de setembro de 2008, registra o que o trio fez de "AgoraTá Valendo" (1997) até "Flores Com Espinhos Para o Rei" (2006). Contou as participações especiais de Lirinha (Cordel do Fogo Encantado) que canta em "Dança das Almas" e, generoso, topa fazer uma versão punk para sua "A Matadeira"; de Adilson Ronona, ( Matalanamão) e Adriano Leão (Dogma) em “Sociedade Alternativa”; de Clemente (Inocentes) em “Alien” e “Brincando do Jeito Que Dá” e do afoxé Ilê de Egbá, em "Mas Eu Insisto". E, evidentemente, do público, que subiu e lotou o morro para celebrar com a banda: punks, jornalistas, fotógrafos, gente das classes A, B, C e outras, pessoas de vários pontos do país comungando com o trio ao som dos três acordes que ganharam uma identidade tão bem delineada nas mãos de Cannibal, Neilton e Celo.
Texto retirado do site :http://www.devotos.com.br/release.html
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